O contexto global marcado pelo conflito no Leste Europeu e o processo inflacionário que está afetando o mercado são fatores que esclarecem a tendência da oscilação dos preços do trigo. O cereal está entre as commodities mais afetadas, já que Ucrânia e Rússia  respondem por cerca de 30% das exportações globais.

O conflito fez com que a maioria dos leilões de importação de trigo, que geralmente acontecem com mais frequência no segundo semestre, acontecessem em março deste ano, permitindo que alguns países montassem reservas estratégicas de maior duração. 

Segundo um levantamento da hEDGEpoint Global Markets, somente no primeiro trimestre, a volatilidade do preço foi de 61,91%. Como commodity negociada em bolsa, o trigo está sujeito às oscilações do mercado, de fatores políticos, saúde pública e questões climáticas como escassez de água, El Niño ou La Niña. 

Outro fator que deve ser considerado pelos vendedores e compradores neste momento é o contexto da Argentina. O país, que já é um dos principais exportadores do cereal e ganhou ainda mais relevância depois do conflito entre Rússia e Ucrânia, deve diminuir a produção na safra 2022-2023 devido à redução de chuvas nas áreas produtoras de trigo por conta do fenômeno climático La Niña. 

Além disso, muitas empresas de transporte marítimo aguardam uma solução definitiva do impasse entre Rússia e Ucrânia para colocar as suas frotas de navios em operação. O que, provavelmente, levará tempo para normalizar o fluxo e não teremos um volume de exportação necessário para suprir toda demanda global pelo cereal.

Diante de todo esse cenário, o Brasil está trabalhando para melhorar sua posição no mercado de trigo e espera um aumento expressivo na produção nos próximos anos, o que, além de levá-lo para a autossuficiência, deve gerar maiores possibilidades de exportação.

90% das lavouras do cereal está no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Na região Brasil Central, que engloba São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso, a produção de trigo começa a se estruturar e deve passar de 252 mil hectares no ano passado para 290 mil neste ano. Também há outras áreas no Norte e Nordeste do Brasil em prospecção, com estudos de avaliação, observação e pesquisa para a produção.